4 de agosto de 2015

ATÉ O FIM (PARTE 1)

   

            Desesperados, os médicos corriam contra o tempo levando um paciente em uma maca sobre rodas pelos corredores do hospital. Durante o trajeto, a vítima gemia alto, seu braço sangrava e seu corpo tremia.
            —Muito bem, o que temos aqui?— Perguntou o doutor enquanto lavava as mãos e punha as luvas.
            —O paciente é caucasiano branco, identidade desconhecida foi encontrada na beira de uma estrada. Parece que foi atacado por algum animal selvagem, perdeu muito sangue e seu braço foi literalmente devorado— Respondeu o médico auxiliar.
            —Oh muito bem, e agora qual o procedimento?
            —Vamos... Amputar o que restou do braço devorado e tentar reanimar o paciente.

            Minutos depois, durante a operação médica, o paciente mesmo desacordado ainda gemia de dor, mesmo sob o efeito de anestesia e sonífero aplicado antes da operação o que deixava o médico e seus auxiliares ainda mais nervosos.
            —Coloquem-no para dormir! — Pedia o dirigente.
            —Não dá, não dá! Com a dose que demos nele, derrubaria até um elefante! — Respondia um dos auxiliares.
            —Frequência cardíaca diminuindo drasticamente, Estamos perdendo o paciente! — Anunciou outro.

            Enquanto os médicos desesperados tentavam não perder o paciente, Erick que foi o motorista caridoso que o encontrara na estrada, inquietava-se na sala de espera junto com outros pacientes e familiares dos mesmos. Sentia-se estranho, a todo momento lembrava e relembrava dos ferimentos que o rapaz tinha no braço. Lembrava-se de como ficou espantado ao ver aquele corpo quase morto na beira da estrada e do quanto ficou assustado ao ver o estado que o braço do estranho quase totalmente devorado por mordidas que ele nunca vira antes.
            Que tipo de animal feroz atacava daquela forma uma pessoa? Que tipo de animal deixava aquelas marcas de mordidas estranhas? Mordidas até muito semelhantes, as marcas dos dentes pareciam até... Humanas!
            —Olá, o senhor é que acompanha o paciente que foi encontrado na beira da estrada?— Erick se assusta, estava tão concentrado em pensamentos que nem notara o médico se aproximando.
            —Sim sou eu, ele está bem?
            O médico hesita em dar-lhe a trágica noticia, um breve momento de silêncio fez-se na sala de espera. Então de cabeça baixa o médico responde:
            —Fizemos de tudo para salva-lo, mas, não foi o suficiente. Ele morreu após uma convulsão.
            Erick aquiesceu-se, mesmo não sendo amigo, parente nem mesmo conhecido do paciente que se fora, sentia-se mal pela morte do rapaz que tentara salvar. 
            —Você conhece os familiares do jovem?— Indaga o médico.
            —Não.
            —Tudo bem então, está tarde, sei que quer ir para casa, você já pode ir agora. O corpo ficará no IML para ser identificado por pessoas que tenham perdido algum familiar amanhã.
            —Certo então, obrigado!
            Enquanto Erick se dirigia a saída do hospital, o médico que ficara era chamado por um dos auxiliares que desesperado o procurava.
            —Doutor! O paciente... Na emergência, parece que não morreu.
            —Meu Deus! Como isso é possível?
            —Não sei, mas venha ver!
            Juntos os dois correram para a sala de emergência e lá chegando tiveram um a grande surpresa, o paciente que recentemente tivera o braço amputado e que todos achavam que não tinha sobrevivido agora se debatia na mesa de cirurgia, rosnando e grunhindo de forma estranha como se fosse um animal feroz. Em um dos cantos da sala, um dos médicos sangrava, um ferimento em seu braço fazia-o sangrar como uma corredeira, outro médico o ajudava a enfaixar o ferimento.
            —O que aconteceu aqui?
            —O paciente acordou, se debateu e nos atacou atacou, quase não conseguimos contê-lo, foi necessário usar todas as cintas da mesa de cirurgia para imobiliza-lo. — Respondeu o médico que enfaixava o braço do amigo.
             —Está me dizendo que o paciente ressuscitou dos mortos e atacou vocês? Mas como isso é possível? Não pode ser! Não pode!
            —Pessoal... Eu não me sentindo bem! — Interferiu o médico ferido.
            —Ele mordeu você?! Ah meu Deus! Temos que cuidar logo do seu ferimento antes que... — Mas antes que o Doutor terminasse a frase, o paciente conseguiu se libertar das amarras que o prendiam e atacou-o por trás, abocanhando violentamente seu pescoço. O médico gritava  de dor, os outros correram para ajuda-lo. Juntos e com muito esforço conseguiram separar o paciente e prendê-lo novamente na mesa de cirurgia com as amarras. Do pescoço do médico atacado, sangue era jorrado nas paredes. Um clima de tensão e horror assolava os rostos de todos na sala.
            —Rápido, o Doutor precisa de ajuda aqui! — Gritava o médico auxiliar. Naquele mesmo momento, um novo susto. O médico que fora o primeiro a ser atacado pelo paciente que se recusara morrer levantou-se com uma expressão abestalhada no rosto e por alguns segundos encarava os outros médicos.O médico estava diferente, não parecia mais humano. Seus parceiros o olhavam assustado.
            —Ei! Você está bem?— Perguntou um deles. E em resposta, todos o ouviram rosnar, em seguida começou a ataca-los com os dentes. Todos entraram em pânico.
            O pânico não estava presente apenas naquela sala, o hospital inteiro estava em decadência. Sangue para todos os lados, corpos no chão, alguns se arrastando, outros correndo e perseguindo pessoas. Os gritos dos perseguidos ecoavam por todos os corredores, enquanto os que o perseguiam, apenas grunhiam e rosnavam como animais selvagens.
            Logo já não havia mais sobreviventes no hospital, todos os que foram mordidos por um dos que grunhiam, quando não era todo devorado, ficavam como eles, após morrer, mesmo sem o coração bater, seus olhos agora brancos se abriam, seu corpo se erguia de pé. Quando não havia mais pernas para sustentar o corpo, eles se arrastavam com as mãos e unhas a procura do que comer, carne humana, viva. 

CONTINUA...

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