" Consciência Maligna "
“Erick” um garoto de 12 anos é atormentado por uma consciência
demoníaca que interage com ele através de sonhos ou desvarios mentais, ( vozes
em sua cabeça). Quando Erick dorme a consciência tem total controle sobre seu copo
e com ele faz uma serie de assassinatos brutais na cidade, deixando Erick com o
peso e a responsabilidade dessas atrocidades.
“Carlos” é o detetive encarregado de investigar os
assassinatos misteriosos e macabros que ocorrem n cidade, a procura do que ele
achava ser um serial-killer, mas mal sabia ele que o autor de tamanhas
atrocidades era algo bem pior.
A consciência retratada na historia é uma alma demoníaca,
ela penetra nos sonhos das pessoas através de fraquezas mentais: ( tristeza,
depressão, loucura etc...)Ela se manifesta nos sonhos, lutando para manter seu
hospedeiro / vitima inconsciente da realidade. Enquanto a pessoa dorme ela
controla seu corpo e com ele comete suas atrocidades.
O mesmo tipo pode ser observado no conto: Sexta Feira - Por Salomon
PARTE 1
PARTE 1
Capitulo 1 – Detetive Carlos
Os sonhos. Sabemos muito pouco sobre eles,
talvez não saibamos de nada. Freud dizia apenas que são lembranças distorcidas
do fundo de nossas mentes que ganham outras formas e outros enredos de acordo
como movimento dos nossos olhos enquanto dormimos, será realmente isto? Somente digo sobre os sonhos que eles são
mais poderosos do que podemos imaginar, eles nos transportam para outros
mundos, nos diverte, nos anima, nos faz ter medo, em fim, eles são essenciais,
sem eles, pelo que sei, poderíamos ficar loucos, pois os sonhos são o conforto
de nossas ideias dementes.
E de que outra forma eu começaria a
relatar os seguintes fatos se não começando por onde tudo começou? Exatamente
em um sonho, naquela terça feira. Enquanto eu dormia, sonhava que vivia em meio
a um conto de fadas, minha amada esposa vinha me beijar a beira de uma praia e
juntos observávamos o por do sol, eu segurando minha latinha de cerveja, aquilo
não era apenas um sonho, mas um devaneio no sentido de que eu desejava aquilo,
por que era quase impossível que algo tão bom como aquilo, acontecesse comigo
na vida real, somente sonhando eu tinha descanso do meu trabalho e o direito de
relaxar assim.
Era realmente um belo sonho, as ondas da paria
deserta e paradisíaca vinha beijar os nossos pés, eu vestido com minha bermuda
e minha esposa, Anne, lindíssima e radiante, nos beijávamos, algo raro que não
fazíamos em nosso dia a dia comum, pois ela era medica, e eu, um detetive. Eu a amava muito, como eu a amava, minha
linda e bela Anne.
Mas não demorou muito, e logo de
súbito fui acordado com o toque frenético do alarme do meu aparelho celular,
eram apenas seis da manhã, eu acordei atordoado, meu mundo perfeito de
fantasia, havia sido desfeito, o que acabou me estressando um pouco, raramente eu
tenho ataques de stress, um mal que veio se agravando pela profissão, eu
trabalhava de segunda a segunda, durante dez anos na mesma profissão, um
trabalho árduo que exigia de mim, muito esforço psicológico e às vezes um pouco
de minhas habilidades físicas.
Eu ainda recuperava-me do susto que levei com a primeira disparada do
alarme quando pela segunda vez ele tocou, e eu menos atordoado, me apressei
para atender antes que ele me desse mais dor de cabeça:
- Alô-
Àquela hora da manhã, só poderia haver duas pessoas que ligariam para
mim: o meu superior que era um homem abrutalhado e sempre cobrava competência
de mim, ou a minha mãe.
Por muitas vezes eu tinha quase
certeza que minha mãe adorava me atormentar, ela me chamava para tudo, seja
para tirar o gatinho dela de cima de uma arvore ou então, tirar as folhas do
quintal da casa dela, às vezes por coisas mais ridículas ainda.
-Carlos
meu filho, é você?-
- sim
Mãe, o que foi agora?-
Minha mãe sofria de uma doença mental, talvez
devido à idade avançada, ou o altíssimo na infância ou então transtornos que
sofreu com a morte do meu pai que havia partido recentemente naquela época,
desde então ela sempre ficou aos cuidados de minha irmã. Eu a visitava apenas
uma vez por semana.
-Tem um
homem aqui mexendo na porta, é um assaltante, venha me acudir.
-já
estou indo mãe, agora, por favor, descreva o que ele está fazendo-.
Eu já
havia passado pela mesma cena na ultima semana, e é claro que não iria mover um
músculo para atender aos desvarios de minha mãe.
- ele
está colocando uns papeizinhos por baixo da porta, e agora... Acabou de sair-
- Mãe,
esse ai é o carteiro, a senhora não deveria pegar em um telefone de novo, onde
está a Alice?-
Alice
era a minha irmã menor, encarregada de cuidar dela, uma irresponsável
desocupada, que fugia de suas responsabilidades e não estava nem aí com nada.
-Alice
está dormindo- disse ela, a voz baixa no celular indicava que ela havia
adentrado no quarto dela e pego o telefone escondido.
- então
mãe, a senhora deveria estar fazendo o mesmo, tenho que desligar Tchau-.
Sem perder mais tempo, encerrei a
ligação, sabia que não precisava me preocupar com nada do que minha mãe dizia
e, além disso, eu estava mais do que ansioso para voltar a dormir e tentar
voltar aquele sonho. Enrolei-me novamente nas cobertas solitárias da cama de
casal e pousei minha cabeça pesada sobre o travesseiro, com certo sorriso no
rosto.
Minha esposa na época trabalhava no
hospital, ela sempre acordava de madrugada para pegar ônibus, lá trabalhava o
dia inteiro e só voltava para casa no final da tarde. Evitava se despedir de
mim para não me acordar, ela sabia melhor do que ninguém o quanto dormir era
sagrado para mim, deixava o café da manhã sempre preparado na mesa para quando
eu acordasse, tivesse o que comer. Ainda lembro-me com nostalgia do sabor doce
do café que só ela sabia fazer.
Então voltei a dormir, mas não
cheguei a sonhar, apenas dormi por alguns minutos, quando novamente o alarme do
celular começou a tocar e vibrar em cima do criado mudo ao lado da cama, aquele
maldito toque de novo, eu sempre o odiava, deveria tê-lo trocado por outro
menos frenético menos perturbador, e colocar A Succubus In Rapture do Dimmu
Borgir, uma banda de Black metal que eu particularmente amo hoje. Esse sim era um
toque digno para acordar-me. Ao
contrario do toque que me enchia de ódio naquele momento, aquela musica do
Dimmu me despertaria com deleite.
Acordei espantado, como se tivesse levado um
susto, e de certa forma foi realmente um susto, mas ao ver que era apenas
aquele maldito aparelho celular, rendi-me ao ódio. Minha mãe já havia ligado
para mim naquela semana mais de dez vezes antes do sol surgir. Isso por que ela acordava sempre muito cedo,
e sempre tentava fazer com que eu a visitasse, talvez por que lá, ela vivia
solitária e recebia muito pouca atenção das pessoas que a evitavam, inclusive
Alice, que a tratava com desprezo e pouca paciência, o que agravava seu estado
de demência mental.
Pela quarta vez aquele aparelho
tocou e vibrou, aquele maldito toque, fez meu sangue ferver ainda mais, atendi
apressadamente, levando o aparelho direto ao pé do ouvido, sem nem ao menos
verificar o numero, apenas gritei as seguintes palavras no telefone imaginando
que fosse minha mãe ligando outra vez:
-Pelo
amor de Deus, eu não tenho tempo de ficar atendendo aos seus absurdos, eu quero
dormir, vê se vai dormir também, que droga, para de encher meu saco. –
Mas a resposta que obtive, veio de uma voz
grossa, masculina que eu conhecia muito bem.
- como
você ousa falar com seu superior desta forma-
Apesar de ser uma cena engraçada e
cômica, meu coração disparou rapidamente ao reconhecer que era a voz do senhor
Victor, ele era meu chefe, e recentemente ele havia me promovido a investigador
solo, onde ele mesmo me chamava sempre que havia um caso novo para investigar,
e eu como o melhor na área, nunca o decepcionava, fora naquela semana mesmo que
eu havia sido promovido a esse cargo, mas depois do que havia acabado de fazer,
pensei que seria demitido ou dispensado da carreira policial.
-
Senhor Victor, perdoe-me, não sabia que era o senhor-.
-
Carlos seu idiota, eu deveria puni-lo severamente por sua falta de competência
e seu desrespeito a mim, mas no momento não temos tempo para isso-.
Pelo menos daquela vez eu escapei, conhecia a
intolerância de Victor e a cobrança que ele exigia de mim, ele assim como minha
mãe, parecia se divertir me atormentando. Enquanto ouvia ele, conferia a hora
no relógio digital sobre a cabeceira da cama, ele cerrava exatamente seis e
meia da manhã, imaginando o dessa vez poderia ter acontecido durante a noite
anterior, para que meus serviços fossem solicitados logo tão cedo.
- Tenho
um caso para você, venha depressa à casa da família Oliveira, na Rua Keystone,
numero 17 agora mesmo, temos um homicídio brutal aqui-.
Eu conhecia bem aquela família, apenas um pai uma mãe e um filho
pré-adolescente, o bairro era tranquilo e não havia histórico de crimes por
ali, alias, em toda a cidade não havia muitos crimes, tanto que até ali, eu
apenas era chamado para investigar pequenos casos como roubos e assaltos
misteriosos a condomínios de luxo. Seguindo as pistas e evidencias, sempre
chegava ao criminoso e o prendia em menos de um mês de investigação.
- Estou
indo senhor-
Daquela vez era pra valer, como
agente solo da policia investigativa, eu não era obrigado a usar o uniforme de
policial em serviço, vesti apenas uma calça jeans preta social e uma camisa de
manga cumprida que continha um bolso onde eu sempre guardava uma minha carteira
de cigarros. Coloquei na cinta, o suporte para minha arma, com dois pentes
extras, e uma câmera digital no bolso.
No pescoço um crucifixo de prata, com a
imagem de cristo presa nela, e outra corrente com meu distintivo policial.
Arrumei meus cabelos para trás com gel e coloquei meus óculos escuros.
Após
conferir pelo espelho se não esquecia nada, dirigi-me para a garagem e assentei
a chave na ignição do meu belo carro, um Honda Civic que havia comprado com o
suor o meu trabalho.
Eu não poderia me atrasar, era o primeiro caso solo que eu investigaria,
sempre fui de trabalhar sozinho, antigamente antes de ser promovido eu servia
como assistente do senhor Victor.
O portão da garagem já estava
aberto, e eu girava a chave na ignição, mas o carro não queria pegar, então foi
aí que me lembrei de que havia ficado de depositar combustível no carro ainda
na semana anterior aquela, que vacilo.
Liguei
para Victor:
-
Senhor Victor, pode vir me buscar?-
Capitulo
2 – Erick
Não sei se vou conseguir repassar
fielmente tudo o que aconteceu comigo naquela segunda feira de manhã, mas não
custa nada tentar, por isso, vou tentar simplificar tudo apesar de ser um pouco
complexo para a compreensão de certos fatos que citarei ao longo destas
palavras, posso até me perder no meio das explicações, simplesmente acho que
não sou capaz de repassar tudo o que sei a você, mas é como eu disse, não custa
nada tentar.
Eu tinha apenas 12 anos na época...
Eu citei acima, que foi numa segunda
feira de manhã, exatamente isso, mas começou um pouquinho antes disso, para ser
mais exato, começou de madrugada, enquanto eu dormia e sonhava. Não sei por que
sonhamos tanto, os sonhos sempre nos dão visões confortadoras, mas tão
confortadoras que quando acordamos o pesadelo se torna aquela realidade, logo a
minha que sou de uma “família” pobre, digo família entre aspas por que acho que
mesmo sendo apenas eu e meu pai morando em uma casinha em péssimas condições,
ainda assim somos uma família, minha mãe havia morrido no meu parto e meu pai,
responsável, mas um pouco ausente trabalhava o dia inteiro para conseguir me
sustentar. A realidade não era tão confortadora assim.
Mas não dá para citar os sonhos sem
falar nos sonhos ruins, estranhamente eu gosto, ou melhor, gostava de ter
pesadelos, não me pergunte por que, apenas sentia prazer de estar tendo um
pesadelo e acordar subitamente na pior hora, voltando ao conforto de minha cama
com aquele colchão duro, mas confortável, vendo que tudo não se passava de um
sonho ruim.
Mas justamente naquela manhã, eu tive um pesadelo incomum, se é que pode
dizer que um pesadelo pode ser incomum, será que pode? Continuando...
Sonhei que minha
mãe me visitava, ela vinha na minha direção caminhando entre as paredes escuras
de um ambiente impossível de descrever, só posso dizer que o em que nos
encontramos era pesadíssimo. Apenas me lembro de que ela tentou me dizer algo,
algo que se me lembro bem era: Cuidado, filho. E antes que ela chegasse mais
perto de mim, caia morta no chão, e ali mesmo sobre ela, se formava um tumulo,
seu tumulo.
O pesadelo em si não foi tão
assustador assim, o que me deixou aflito foi mesmo o peso que aquele devaneio
se reproduziu em meu sonho.
Acordei aturdido relembrando das
cenas atormentadoras daquele sonho que além de parecer muito real, me causavam
certo desconforto, que não sei como explicar, acabou me cansando.
Aquele não era simplesmente um dia
comum, pois era por muitas crianças da época, considerado o dia do inicio do
holocausto do inferno, e não me refiro ao dia do apocalipse, não, nada disso,
era algo bem pior, mas muito pior mesmo, pois aquele era o dia que daria inicio
as aulas na cidade.
Era uma manhã fria, e após
despertar daquele pesadelo macabro, fui para o banheiro, escovei os dentes e
molhei o cabelo, peguei minha roupa mais nova que estava no cesto de roupa
suja, meu pai não havia lavado as roupas, estava tudo acumulado ali, mas tudo
bem, minha calça e minha camisa nem estavam tão mal assim, apenas disfarcei o cheiro
desagradável com perfume e com meu fichário, caneta e lápis na mão, rumei para
a escola.
Não me despedi do meu pai, ele
trabalhava das sete da manhã até às oito da noite, então sempre voltava pra
casa muito cansado, e sempre que acordava antes da hora, ficava o resto do dia
de mal humor.
Caminhei sozinho por longos
quarteirões até chegar aos portões da escola de ensino fundamental, por
questões de privacidade e segurança acho melhor não citar o nome da escola.
Apenas via no pátio da escola aquelas pequenas agrupações de indigentes, todo
mundo conversando com alguém, e eu ali no meio, parado, sem notar que de alguma
forma estava atraindo alguns olhares indiscretos, talvez fossem minhas roupas
ou meus tênis antigos, então eu observei que estava com o cadarço desamarrado,
me agachei para amarra-los.
Logo alguém se aproximou por trás de mim e
me empurrou, dizendo:
- sai
da minha frente, otário-
Cai ridiculamente no chão ao mesmo tempo em
que todos que viram aquela cena tosca, riam desvairadamente de mim. O chão do
pátio era duro, mas por sorte estava limpo, apenas ralei meu cotovelo no
concreto do solo, e de lá me curvei para ver quem havia me empurrado.
Deparei-me com Michael Amaral, um
antigo aluno que era conhecido pelos outros alunos da escola nos anos
anteriores por ser considerado um futuro delinquente quando largasse a escola,
(o que não aconteceu). Ele não respeitava ninguém além dos amigos dele, uma
turminha de delinquentes idiotas que adoravam um pouco de bagunça e causavam a
desordem na sala de aula que estavam.
Ele era um pouco maior do que eu e
com isso intimidador, acabei optando por evitar um conflito, naquele momento,
apenas me afastei para que ele pudesse passar. Minha sorte era que ele andava
sozinho quando me empurrou, pois quando andava com seus amigos desordeiros,
nunca perdia a oportunidade de infernizar com a vida de infames como eu.
Alguns segundos depois, levantei-me
e fingi limpar alguma sujeirinha na minha roupas , após isto, o sinal tocou e
todos os alunos adentraram na escola. Perdido, demorei alguns minutos
procurando em meio às multidões de alunos, o meu nome nas folhas presas nas
paredes ao lado das portas de cada sala. Eu frequentaria a sétima serie naquele
ano mas algo aconteceu que me impediu de continuar estudando e não foi possível
mas comparecer nas aulas.
Quando encontrei meu nome em uma das listas
que ficava na ultima sala do longo corredor da escola, ao adentrar pela porta,
deparei-me pela segunda vez com Michael, mas diferente da vez anterior, ele
estava na presença dos amigos dele, sentados no fundo da sala, mais
precisamente no canto, próximo à janela.
Ao me verem, todos me olharam como
se eu fosse uma espécie de aberração. A sala não estava muito cheia, pois os
alunos tinham dificuldades de encontrar seus nomes e suas turmas, somente ali
no grupo onde Michael estava, havia mais cinco pessoas sentadas juntas. Eu não
deveria ter ficado ali parado olhando-os por tanto tempo, acho que aquilo foi o
que despertou o interesse deles em me tornar vitima de suas humilhações
desumanas.
Caminhei apressadamente a passos curtos e
tímidos até a cadeira do fundo no outro lado da sala, onde eu pode ficar há uma
boa distancia daquela turma de desordeiros idiotas. Eu como era uma criança
pobre, sempre usava as mesmas roupas por mais de três dias seguidos nos anos
anteriores na escola, e com isso acabei ganhando o apelido de “Menino Sujo”,
não queria sentar na frente, tinha vergonha por causa das minhas roupas, além
de pessoalmente achar desagradável sentar a frente da turma, nem sendo tão
estudioso e nem tão inútil nas aulas, apenas era tímido e nada mais.
Após isto, tivemos a primeira aula de
português que para nada mais serviu do que para o diretor da escola repetir a
apresentação das regras, exigências, cobranças e todos os velhos discursos que
sempre dava nos primeiros dias de aula, inevitavelmente ele também enrolou aula
contando historias da sua vida pessoal de quando era estudante naquela mesma
escola.
A segunda aula foi de Matemática se não me
engano, não recordo bem, apenas lembro-me de ter ouvido as conversas paralelas
da turminha desordeira de Michael Amaral. Em certo momento enquanto eu tive a impressão
que eles haviam citado meu nome, então olhei para eles. Aqueles malditos,
estavam rindo, rindo de mim. Comentavam sobre mim e nem se quer se davam a
preocupação de saber se eu os escutava ou não, pareciam fazer questão de que eu
soubesse daquilo, soubesse que eles não iam com a minha cara.
Durante a terceira aula, eu ouvi um
comentário que não pude deixar escapar, eu tenho quase certeza que eles
planejavam aprontar alguma comigo quando ouvi as palavras: “pegar o menino
sujo”.
Aquilo me deixou um pouco inseguro, mas não
com medo, de certa forma, prestar atenção na aula era quase impossível naquela
situação, era o primeiro dia de aula, não podia ser diferente. Parecia que nada
podia ser feito para amenizar aquela bagunça na aula, até o professor já havia
desistido de tentar passar a previsão dos conteúdos das aulas posteriores para
todos os alunos, se dedicando apenas aos alunos que sentavam a frente da turma,
que geralmente eram os mais notáveis.
Então perdido no meio da aula
entreguei-me atividade de desenhar coisas no caderno, esperando a hora do
recreio, mas nesse meio tempo, uma bola de papel veio batendo direto na minha
mão que desenhava, fazendo assim borrar o desenho que eu criava com tanta
dedicação. Peguei a bola de papel, ela havia sido jogada do outro canto dos
fundos da sala onde Michael e a turma de desordeiros estava. Eu o abri, era um
recado da turma de delinquentes, nele havia uma caricatura de uma pessoa com
chifres e uma cara ridícula, que tentaram fazer representando a mim, e embaixo
do desenho escrito:
“vamos te pegar otário”.
Capitulo 3 - Investigador Carlos
Victor foi me buscar de carro pouco
depois das sete horas da manhã, e no caminho enquanto ele dirigia, relatava-me
as primeiras conclusões e deduções que havia feito durante a investigação do
novo caso que estava me encarregando.
Minha sorte era que, mesmo sendo meu
superior e muito exigente, Victor era uma pessoa compreensiva e havia esquecido
seu autoritarismo quando me promoveu a Investigador, e, além disso, trabalhamos
juntos por anos, muitos anos, no fundo eu era o mais próximo de um amigo que
ele possuía na época.
Ele guiou o carro em alta
velocidade pelas ruas da cidade, desviando dos outros carros e motos da cidade
que começava a despertar naquela hora da manhã. Apesar de muito cedo havia uma
pequena circulação de pedestres pelas ruelas estreitas da cidade, Victor
passava a menos de alguns centímetros dos pedestres, às vezes eu chegava a
pensar que iriamos bater, mas Victor era muito habilidoso, chegava a passar a
menos de um dedo para bater em um carro ou moto, só faia questão de passar a
distancia dos pedestres para que estes não entrassem em pânico na hora que ele
desvencilhava com o carro.
Após alguns minutos muito tensos no
banco do carona do carro, quase tendo um ataque cardíaco pelo fato da
velocidade e adrenalina de estar ali, com Victor no volante, chegamos sem
demora ao local do crime. Durante o trajeto até ali, eu ordenava as informações
que Victor havia me passado no carro.
Ele me relatou:
“Hoje de manhã fui chamado pelo
numero de serviço da policia, as informações que obtive de inicio foi de que
havia acontecido um assassinato brutal na casada família Oliveira, então sem
demora, fui investigar. Chegando lá, acabei me deparando com uma cena horrível.
Ao que parece o filho único do Senhor Oliveira, foi encontrado morto pelo pai
quando este entrou no quarto para acordar o filho para que não se atrasasse na
escola.”
Saímos do carro, de forma quase sincronizada, Victor usava uma calça
social de seda preta, uma camisa azul com uma gravata, e um casaco preto que
combinava perfeitamente com a calça e a camisa. Também usava uns óculos escuros
e seu distintivo estava posicionado na cinta, junto com o suporte para sua
arma.
Tenho que confessar. Juntos
parecíamos os irmãos Winchester, Dean e Sam, aquela dupla de irmãos que no
seriado, viviam investigando casos sobrenaturais. De certa forma eu e Victor
éramos quase como eles quando trabalhávamos juntos, gostávamos de investigar
crimes que a policia não conseguia resolver, crimes que para serem solucionado
exigiam apenas dedicação na investigação.
Logo na entrada da casa, havia uma pequena
aglomeração de pessoas curiosas, toda a casa estava isolada, os policiais que
chegaram colocaram a fita amarela de indicação de cena do crime ao redor de
toda a residência, passei por baixo dela e adentrei na casa. Victor se limitou
a porta tentando em vão conseguir mais informações sobre o ocorrido com a
vizinhança. Na porta da casa, o Senhor Oliveira Abraçava a esposa que chorava
angustiada e desesperada, alguns minutos depois ela desmaiou e precisou ser
levada ao hospital por uma ambulância.
Na sala ainda havia alguns
policiais comentando qualquer coisa sobre o ocorrido, vigiando a entrada para
que mais ninguém adentrasse no local.
- muito
bem rapazes mostrem-me a cena do crime-
Falei enquanto retirava do meu
bolso a carteira de cigarros e retirava um levando-o até a boca sem ascendê-lo,
nessa hora me lembrei do que mais eu havia deixado em casa: o meu maldito
isqueiro.
Um dos policiais, que estava fardado mandou
que eu o acompanhasse até o segundo andar onde ficava o quarto da vitima, lá eu
pedi que ele aguardasse na porta enquanto eu reposicionava meu cigarro na boca,
e retirava a câmera digital do bolso.
Adentrei o quarto do garoto e logo
de inicio vi-me em uma cena de crime realmente perturbadora. Havia sangue na
cama, uma poça de sangue, e no meio dela, o corpo horrorosamente abatido da
vitima, os braços dele estavam estirados e abertos, como se alguém tivesse
cortado para expor seus ossos. Havia varias marcas ao longo do cadáver, que
logo deduzi que eram golpes de faca. A cabeça da vitima estava horrivelmente
deformada devido aos golpes de faca que recebeu no rosto, uma cena nada
agradável de ver.
Tratei rapidamente de tirar fotos do cadáver a fim de analisar melhor
depois através das fotos aqueles buracos de facadas, depois tirei algumas fotos
ao redor da cama, e da janela.
Aproximei-me mais da janela e abri as cortinas que voejavam ao vento, de
cara, deparei-me com uma arvore que se estendia da frente da casa até o teto,
havia um galho do tronco da arvore que se estendia até próximo ao quarto da
vitima, deduzi que o assassino havia escalado aquela arvore até a janela do
quarto da vitima aproveitando que o mesmo dormia e o surpreendeu mortalmente
com golpes de faca direto no pescoço e rosto. Na hora dessas deduções um
pequeno filme se reproduzia em minha mente, com as cenas do assassinato brutal
que eu deduzia ali.
Da janela do quaro da vitima, percebi no
térreo, a multidão aglomerada de curiosos, observei Victor ainda conversando
com o senhor Oliveira, o pai da vitima. Os carros de reportagem e os
jornalistas se amontoando, e no meio de tanta bagunça e desordem, havia uma
criança, usando um agasalho com um capuz vermelho, com um olhar indiferente,
imóvel, me observando.
Tirei fotos, muitas fotos, e continuava
observando tudo ali, quando o policial que deixei a porta anunciou a chegada do
IML.
- Eles
vieram retirar o corpo da vitima- disse ele.
Apenas pedi que esperassem um pouco
mais enquanto tirava o cigarro da boca e colocava entre os dedos, em seguida
conclui que dali eu não conseguiria mais nada se não analisasse as cobertas
debaixo da vitima.
- podem
entrar, já terminei -.
Anunciei enquanto recolocava o cigarro na boca, logo em
seguida adentraram no quarto dois homens corpulentos trajando jalecos segurando
uma maca para levar o corpo, nessa hora me posicionei em um canto do quarto
onde eu pude tirar mais fotos da vitima e da cama, enquanto era retirado com
cuidado da cena do crime.
Alguns
minutos depois, acompanhei os homens até a saída da casa, Victor me aguardava
de braços cruzados, quando me viu, levou uma das mãos até o bolso da camisa
retirando de lá um isqueiro metálico, e levando até meu cigarro, incendiando a
ponta em suas chamas.
- então
sabidão, o que pode me dizer?-
Perguntou
ele em tom de voz meio sarcástico.
- no
momento não posso dizer muito além de que o assassino usou aquela arvore para
escalar até o quarto da vitima para cometer a atrocidade-
-Só
isso? Oque mais?-
-bem, a
arma usada no crime foi uma faca-.
- isso
até minha mãe consegue dizer-
Disse ainda em tom de voz sarcástico, ele queria me desafiar, gostava
desses pequenos jogos psicológicos tanto quanto eu, então após soltar a fumaça
da primeira baforada do cigarro, respondi:
-foi
uma faca de caça enferrujada de gume longo a julgar pelos cortes grosseiros que
observei no corpo, seu cumprimento é de aproximadamente vinte e cinco
centímetros vendo que alguns golpes foram tão profundos que chegaram a
atravessar o crânio da vitimas e até mesmo o travesseiro, o assassino deve
pesar menos de 70 quilos a avaliar o quão fraco é o galho usado para chegar ao
quarto da vitima, ou seja, um adulto como eu ou você fazendo peso sobre o galho
provavelmente o quebraria, sendo assim senhor eu digo que o assassino deve ser
um menos de idade.
Voltei a posicionar o cigarro
embasado entre os dedos enquanto Victor me encarava através das lentes escuras
dos óculos, levantando uma das sobrancelhas em um gesto admiração ou
sobressalto.
-Uau,
minha nossa, nem eu conseguia fazer melhor-.
-Claro
que faz Senhor, -.
- é tem
razão, mas parabéns Carlos, você captou informações que para mim, passaram
despercebidas-.
-Obrigado
Senhor Victor, agora o que mais sabemos sobre ocaso?
-ah,
sim, sobre o caso, acho que você precisa saber disso-.
Ele analisa as anotações que havia
feito em um bloquinho de notas e prosseguiu:
-O nome
da vitima é Miguel Oliveira, ele estuda em uma escola que fica localizada a
poucas quadras daqui-.
Nessa hora eu o corrigi por
impulso, não pretendia, mas acabei fazendo:
- Você
quis dizer "estudava" –
-Oque?-
Ele me
fitou com aquele olhar colérico sobre as lentes negras os óculos. Odiava ser interrompido e eu sabia muito bem
disso, mas era tarde demais para voltar atrás então precisei dar-lhe uma
explicação.
-O
senhor disse que ele estuda, bem acho que depois dessa, ele não estuda mais-.
-Ha
sim, estudava claro, não me interrompa mais, ainda não terminei.
-Sim
Senhor, Perdão. -
Nessa hora dei uma ultima sugada
no cigarro, em seguida soltei-o no chão e o pisoteei com meu sapado, Victor
prosseguiu novamente:
-Ao que
parece, ele não é um aluno muito exemplar, já foi para a detenção inúmeras
vezes, seus pais são um tanto ausentes em questão de cobranças, trabalham o dia
inteiro deixando o filho se virar sozinho durante boa parte do dia-.
Naquela hora eu apenas observava
Victor articulando suas palavras que em nada me ajudariam na investigação do
crime, apenas tentava reorganizar as informações que eu havia coletado até ali,
elas se acumulavam em minha mente, eu tentava memoriza-las.
Tudo o que sabia era que, havia um criminoso,
um assassino a solta pela cidade e cabia a mim, somente a mim com uma pequena
ajuda de Victor meu dirigente, para investigar a fundo esse crime e descobrir o
mistério: Quem poderia ser o assassino?
Até aquele momento só havia dois
principais suspeitos, que poderiam ter feito aquela barbaridade, Justamente os
pais da vitima, sim, estes mesmo poderiam muito bem inconformados com o filho
se dando mal na escola, e sendo os mesmo ausentes, ambicionava dar fim ao
pequeno fardo de terem um filho problemático, era uma possível explicação
logica.
Mas logo em seguida uma imagem pouco definida
veio a minha cabeça, uma lembrança de algo recente aquele momento que surgiu
com um raio e minha cabeça, e novamente eu reorganizava mentalmente as
informações obtidas até ali.
Lembrei-me
então do galho de arvore, o assassino deveria pesar menos de 80 kg, então a voz
de Victor veio em minha mente “não é um aluno exemplar”, logicamente a vitima
deveria ter inimigos na escola, alias quem não possui inimigos na escola?
Deveria ser um dos colegas de classe talvez, com certeza foi um acerto de
contas, isso foi fácil de deduzir, por remate, conclui que o assassino deveria
ser um desde uma criança esperta até um adolescente que estudasse na mesma
turma que a vitima.
Após
esse ataque reflexivo, eu precisava repassar essas novas informações a Victor.
-Victor!
! ! – Gritei subitamente, por impulso de novo.
-O que
foi maldito, quase me matou de susto, -.
-perdoe-me
Senhor, eu não queria assusta-lo, mas o senhor vai achar interessante minha
nova dedução-.
- ah,
tudo bem, eu compreendo, agora me diga o que deduziu?-
-bem eu
deduzi que, que. a vitima. Bem, eu deduzi que... -.
Fiz uma longa pausa tentando
recobrar o que havia acabado de concluir, mas parecia mais que um maldito
buraco negro havia tomado conta de meus pensamentos e feito uma pequena lavagem
cerebral em mim, por fim assumi:
-eu esqueci Senhor-
Naquele momento eu me arrependi de todas as vezes que Victor havia me
alertado de comprar um bloquinho de Notas para anotar minhas deduções, mas eu
sempre recusava alegando que nunca precisaria, ainda reforçava alegando que eu
era de intelecto superior e conseguia armazenar todas as informações em minha
mente de forma ordenada e precisa.
-
Carlos, pela milionésima vez, compre um caderninho-.
-logo
eu vou lembrar Senhor, eu sempre me lembro das deduções que esqueço-.
-Carlos,
eu vou voltar para o meu gabinete, você fica encarregado de tudo por aqui, até
mais.
-Senhor,
sabe que estou sem carro não? Eu vou precisar de carona para casa-
-Tome,
pague um taxi, -.
Ele retirou uma nota de cinquenta e
deu em minha mão, em seguida entrou no carro e deu a partida. O ronco do motor
fez com que a aglomeração de pessoas levasse um susto, em seguida ele
desapareceu virando a esquina.
Fiquei imóvel tentando recordar das passagens que se deram em minha
reflexão, mas não consegui, apenas veio em mente uma vontade louca de fumar
outro cigarro, cheguei a colocar um na boca e procurei nos bolsos algo para
ascender, havia esquecido de novo do Isqueiro.
Em vão eu ainda tentei alerta-lo: “Senhor me
empresta o isqueiro!”.
Ele não
ouviu, nem ouviria, precisei comprar uma caixa de fósforos para ascender meu
cigarro.
Capitulo 4 - Por Erick
Faltava pouco menos de vinte
minutos para o termino da terceira aula, vinte longuíssimos minutos, e eu
estava inseguro depois de ter lido aquela ameaça no papel, aquilo me deixou
angustiado, não com medo, mas não pude deixar de ficar pensando no que poderia
acontecer na hora do recreio, que provavelmente seria a hora que eles
pretendiam me bater.
Mas eles não seriam tão afoitos de fazer isso
logo no primeiro dia de aula, ainda mais na escola, eu tentava encontrar alguma
forma de me confortar mentalmente e deixar aquela ansiedade de lado, então
resolvi olhar novamente para o canto dos desordeiros da sala, logo me
arrependi, eles me observavam.
Eu conhecia a fama dessa turma, de levarem
facas para a escola, das numerosas vezes que seus pais foram obrigados a pagar
por dano a patrimônio escolar, ou das vezes que sempre eram chamados para a
detenção, lembrei-me da vez que um deles quase matou outro aluno do quinto ano
somente por ter chutado a bola neles por acidente em uma aula de educação
física. Eles eram mais uma gangue de desordeiros do que estudantes, pessoas
assim não deveriam frequentar escolas, ou então deveriam estar sobre a
supervisão de algum responsável que os vigiassem.
Trocamos olhares por apenas alguns
segundos, eles pareciam sérios e analisavam-me a fundo, apenas esperando o
sinal tocar, pareciam ansiosos, aqueles malditos, estavam me torturando
psicologicamente, levando-me ao estremo do meu delírio.
Confesso que estava um pouco
nervoso enquanto esperava a hora do recreio, a professora havia copiado
qualquer coisa na lousa, tentei transcrever no caderno, mas minha mão tremia
muito, acabei desistindo de absorver qualquer coisa de útil da aula, olhei o
relógio da parede, faltavam ainda quinze minutos.
Tentei elaborar em minha mente um
plano, pensava nas possíveis formas de fugir na hora do recreio, não dava, a
escola era cercada por muros e um único vigia ficava sempre no portão, então
não dava para fugir, eu tinha que evitar a todo preço me encontrar com aquele
pessoal, ou então eu poderia acabar na pior das hipóteses, levando uma facada
no pescoço e morrendo.
Aquela altura só faltava alguns
minutos para o sinal bater e sermos liberados das aulas para o recreio, que
duravam na época, curtíssimos 45 minutos. Eu pretendia tentar evitar o
conflito, mas se eles por acaso persistissem, eu revidaria, de alguma forma.
Em minhas mãos apenas tinha uma caneta esferográfica como
arma, ao menos eu poderia finca-la na garganta de um deles quando eles viessem
batalhar. Aquela altura já estava pensando até em apelar a deus para me ajudar
a sair daquela situação.
De repente o sinal tocou. De inicio
eu fiquei imóvel na minha carteira, aguardando enquanto as pessoas saiam
apressadas da sala, pensei em ficar ali sentado, achava que assim poderia
escapar do conflito que já estava marcado, mas quando olhei para o canto, vi
que eles também iam permanecer na sala, se ficássemos ali, eu seria um alvo
fácil para aquele bando de idiotas.
Sem demora, levantei-me e me juntei aos outros
alunos que saiam da sala para o pátio. Lá pela segunda vez fiquei sem onde
recorrer, não tinha amigos na escola, todos me conheciam ou me tratavam como o
menino diferente e pobre que eu realmente era, todos ignoravam a minha
existência, digo quase todos, havia aqueles que eu queria que me ignorassem,
mas davam-me aquela atenção especial indesejada.
Fiquei por pouco tempo isolado em
um canto, logo fui avistado pelos desordeiros que pretendiam me pegar, fui
forçado a entrar na escola, enquanto caminhava, olhei para trás, notei que eles
me perseguiam, continuei caminhando ao longo do corredor até chegar a uma
parede, eles estavam se aproximando, batiam ombros com quem encontravam pela
frente, ninguém ousava revidar ou responder a eles, bando de covardes.
Fui forçado a entrar na minha
própria sala de aula, sentei no mesmo canto, que antes e logo eles vieram.
Aproximaram-se de mim, cercando-me.
-e ai
vai encarar?-
Permaneci
calado, meu coração havia acelerado bruscamente, minhas pernas pareciam tremer
e a todo custo eu tentava não demonstrar esses sinais de aflição.
-Tem
boca não seu otário?-
De
cabeça baixa, nervoso e totalmente intimidado, tentei gesticular, mas o “sim”
em resposta saiu um tanto mudo, eles não ouviram. Logo em seguida senti o peso
do punho cerrado de Michael em meu rosto. Por impulso, levei a mão até onde
havia sofrido o impacto do golpe que havia me desajeitado no assento enquanto
com a outra mão pegava a caneta discretamente posta sobre a carteira.
- E ai
otário, achaque isso aqui é um abrigo para necessitados? Que roupas são essas?
Michael me provocava esperando que eu revidasse
ao golpe, suas intenções eram claras para mim, ele queria começar ano letivo
mostrando que ninguém além dele e a sua turma de idiotas mandava naquela
escola, queria status e ser temido, em sua concepção estava ganhando o respeito
através de mim, mas ele enganava-se arduamente, e logo se arrependeria de ter
mexido comigo.
Novamente ele me golpeou com uma bofetada
direta na minha cara, sua mão pesada ardeu como brasa em minha face, quase a
cadeira virou junto com meu corpo, por alguns instantes senti meu sangue ferver
de ódio e revolta, resolvi revidar naquele momento, e com um movimento
inesperado e ligeiro, levante-me da carteira volte-me para Michael e o empurrei
com as mãos em seu peito. Ele pisou alguns passos para trás tentando não perder
o equilíbrio, então eu avancei com minha caneta em mãos, finquei-a direto no
pescoço de Michael, achei que seria um golpe fatal, queria que fosse.
Acabei assustando a mim mesmo com o que eu
havia acabado de fazer, por u instante eu fiquei receoso, eu poderia ter matado
aquele desgraçado, de onde havia surgido toda essa coragem? Adrenalina talvez?
Desespero com certeza.
Soltei a caneta, um pequeno filete
de sangue brotou do lugar no pescoço de Michael de onde a caneta havia se
introduzido. Ele gemia de dor, como uma criança mimada, mimada e burra. Se ele
tivesse notado, veria que a caneta não entrou nem mesmo três centímetros dentro
dele, ainda mais acertando um ponto não letal atrás do pescoço, ha uma boa
distancia das jugulares dele.
Nisso, Miguel veio por trás de mim e me puxou
para um lado contra a parede da sala, os outros três que também faziam parte do
grupo dos desordeiros, me seguraram, como se eu pudesse me defender, estava
ainda mais indefeso do que nunca.
Ele então fechou os punhos começou
a me esmurrar com se eu fosse u saco de pancadas, eu me lembro da força dos
golpes dele, Miguel parecia um pugilista quando me acertava com seus socos
violentos, mas ele era um pouco atrapalhado também: uma ou duas vezes ele
errava meu rosto vindo acertar o peito do amigo que me segurava.
Michael
se recuperou rápido do meu ataque desesperado na minha tentativa frustrada de
me defender, mas ele não quis bater em mim, resolveu ficar se recuperando
enquanto eu tomava a maior surra da minha vida.
Miguel era como o melhor amigo de
Michael, com a semelhança dos nomes, muitos achavam que eles eram irmãos, mas
eram apenas melhores amigos, parceiros da desordem, um sempre defendia ou outro
quando precisasse. O tipo de amizade que por um instante eu invejava naquele
momento.
Eu sentia meu corpo totalmente
dolorido, mesmo sendo por apenas alguns segundos, pareciam durar horas, os
socos furiosos de Miguel pareciam marretadas quando acertavam o meu rosto que
já estava inchado, meus lábios já haviam se cortado, meus olhos já deveriam
estar roxos de tanta surra, eles iriam ficar assim por um longo tempo se eu não
escapasse dali.
Por
azar estávamos somente eles e eu naquela sala, um dos desgraçados havia ficado
de guarda na porta, para avisa-los de quando alguém se aproximasse. Eu não
poderia esperar alguém aparecer e apartar aqueles desventurados de mim, mas
minha sorte era que eles não haviam levado facas naquele dia.
Então após Miguel acertar mais um
golpe no peito do amigo que segurava meu braço direito, aproveitei a liberdade
do membro para empurrar o outro que me segurava às pernas, em seguida dei uma
joelhada entre as pernas de Miguel e me vi totalmente livre, era a minha
oportunidade de fugir dali.
Rapidamente peguei meu material
escolar com exceção da caneta e corri como um louco desesperado até a saída, o
garoto que estava na porta não era tão alto quanto eu, era o mais fraco do
grupo, não ousou me impedir de fugir dali.
Abandonei a sala correndo até o
pátio da escola, nessa hora o sinal tocou, e todos os alunos voltavam para as
suas turmas. Eu estava nervoso, soluçando, lutava intimamente contra a minha
vontade de chorar, não queria voltar para a sala, nem morto eu voltaria a pisar
ali.
Do pátio, avistei o portão de
entrada escola a menos de dez metros, os vigia não estava lá, aproveitei mais
essa oportunidade para fugir da escola. Durante o trajeto até minha casa, eu
olhei algumas vezes para trás, eu temia que Michael, Miguel e o resto da turma
tivessem atrás de mim.
Chegando a casa, encontrei-a trancada,
meu pai já havia saído para trabalhar, peguei a chave que ele sempre depositava
estrategicamente dentro do quadro de energia. Fui direto para o banheiro
trancar a porta por dentro com a chave. Lá através do espelho eu avaliei o
estrago da briga.
Apenas
meu olho esquerdo estava roxo e um pouco inchado, meu lábio não estava muito
cortado, mas os hematomas pelo resto do meu corpo ainda doíam muito. Tomei um
longo banho e fui direto para a cozinha onde comi pão com café.
Enquanto comia, refleti comigo mesmo, “onde
estava Deus enquanto eu apanhava?” muitas vezes já ouvi dizer que ele sempre
está em todo lugar, vendo tudo que fazemos. Fiquei ainda mais revoltado naquele
dia, enquanto questionava a mim mesmo: “se ele estava vendo aquela briga, e
vendo-me apanhar, por que não fez nada?”. De qualquer forma nunca antes eu
havia mesmo acreditado nele. Naquele dia assumi meu ateísmo.
Esperei
longas horas até o relógio marcar exatas quatro horas da tarde, eu esperava meu
pai para explicar o que havia acontecido, pretendia implorar, de joelhos se
necessário para que ele não me obrigasse a voltar à escola, se ele quisesse eu
poderia trabalhar para ajudar a pagar as contas, faria algo útil do meu tempo
livre.
Ele ainda demoraria muito então
fui direto para o meu quarto, acabei dormindo profundamente. Nesse sonho algo
me intrigou, não parecia um sonho, ou se fosse realmente um sonho foi o mais
demente que eu já havia sonhado.
Encontrei-me
em um ambiente semelhante ao sonho anterior, onde havia me encontrado com minha
mãe, mas esse diferente do outro, o clima era ainda mais pesado, o tumulo que
havia se formado sobre minha mãe não estava mais lá, no lugar dele estava um
espelho.
Aproximei-me do objeto. A cada
passo meus pés pareciam arrastar uma tonelada presa por correntes invisíveis
que me impediam de caminhar, meu corpo não queria responder as minhas passadas,
não consegui me mover adiante, fiquei imóvel.
De onde eu estava, conseguia ver o meu reflexo no espelho, ele estava a
uma distancia aproximada de vinte metros de mim, era grande e eu pude
visualizar-me por inteiro dentro do reflexo do espelho, mas algo muito
perturbador estava retratado naquela figura atormentadora.
Primeiro que no sonho eu usava
roupas “limpas” digamos assim, mas no reflexo do espelho, as minhas roupas e
mãos estavam salpicadas em sangue, procurei por algum sinal de corte ou
mutilação que pudesse ser a fonte de tanto sangue na figura, mas não encontrei. Apenas seu rosto exibia um sorriso demente
que me fez tremer a espinha.
Então eu acordei
transpirado, despertei ainda assustado e ofegante. Recuperando do sonho macabro
que tinha acabado de sonhar, olhei para o relógio na cabeceira da cama, eu
havia ido dormir as quatro, o relógio marcava sete quinze.
Então olhei pela janela do quarto,
o dia estava claro como se fosse de manhã, notei que estranhamente que eu usava
roupas diferentes das que eu havia me deitado para dormir, havia algo errado ali,
sete horas deveria ser de noite a menos que eu tivesse dormido demais, e fui
acabar despertando na manhã seguinte, e aquelas roupas, eu não estava usando
elas antes de dormir, e aquele cansaço? Eu estava exausto, mesmo tendo dormido
por mais de quatorze.
Talvez fosse a pressão do dia
anterior que estivesse me fazendo esquecer esses detalhes e forçando demais a
minha cabeça, talvez tivesse trocado de roupa depois de comer, e apesar de ser
um pouco absurda essa conclusão, era a única mais adequada para explicar tudo
aquilo.
O fato é que no dia anterior eu
havia apanhado muito, meu corpo ainda estava todo dolorido, e meu olho já não
estava tão inchado assim, mas ainda estava roxo.
Novamente fui tomar banho, para
limpar o suor e relaxar um pouco, quando sai do chuveiro, senti frio, vesti meu
agasalho vermelho com capuz e fui para a cozinha. Não havia mais pães para o
desjejum, meu pai havia comido tudo com café antes de sair para o trabalho,
resolvi gastar um pouco da minha escassa economia para comprar mais.
No caminho até a padaria, precisei
passar pela rua onde ficava a casa de Miguel, eu passaria despreocupado, não
havia o que temer àquela hora da manhã de terça feira, pois ele deveria estar
na escola.
Mas engano meu, havia uma aglomeração tumultuosa
de pessoas e uma circulação frenética de policiais, médicos e repórteres. No
instante em que cheguei, vi a mãe de Miguel estava sendo atendia por
enfermeiros em uma ambulância. As
pessoas se perguntavam o que estava acontecendo.
Nesse
instante olhei para cima, avistei na janela da casa onde ao lado tinha uma
enorme arvore que se estendia até o teto da residência. Eu sabia daquele
quarto, sabia que era o quarto de Miguel, parecia ter acontecido algo sério
ali. Um homem de óculos escuros sob a janela me observava atentamente por
longos segundos. Em seguida ele voltou ao interior do quarto.
De onde eu estava eu posicionado,
consegui ouvir um dos repórteres gravar a matéria:
“Estamos
ao vivo da residência de uma família de um bairro nobre da cidade. Na madrugada
anterior aconteceu um assassinato brutal, onde a vitima aparenta ser um jovem
de aproximadamente quatorze anos de idade, conhecido como Miguel Oliveira, foi
encontrado morto sobre a cama no quarto pelo pai, aguardando mais informações
da perícia, até lá.”.
Nessa hora, meu coração disparou
pela segunda vez, quase saindo pela garganta, minhas mãos tremiam e minhas
pernas bambeavam, tratei rapidamente de sair dali. Estava chocado e espantado
com o que havia acontecido ali. Por um lado, eu sentia medo e receio, por
outro, eu estava contente e me sentia vingado.
Continuei caminhando até a padaria, esta
estava fechada, lembrei-me visto o dono da padaria no meio da aglomeração de
pessoas na rua onde o crime havia acontecido. Tive que voltar para casa com
fome, e profundamente atormentado.
Não conseguia digerir o que havia acontecido,
e a cada novo fato, o meu dia ficava ainda mais macabro, eu sentia por um lado,
que eu estava intimamente ligado ao que havia acontecido na casa da família
Oliveira, mas como? Eu dormi a noite toda, até sonhei, um sonho macabro, que
não fazia sentido algum, aliás, que sonho faz sentido?
Eu realmente precisava relaxar e
esquecer o que havia acontecido, o que eu vi e pensava. Tudo me deixava tenso,
tudo era um peso para mim, não sabia por que, nada do que havia acontecido era
culpa minha, eu não tinha nada absolutamente nada haver com aquilo, nada exceto
a briga na escola. Sim, aquela briga,
deve ter incentivado um dos amigos desordeiros de Miguel a ataca-lo, por fim
conclui que após eu ter fugido, eles brigaram entre si, seria uma discussão
cinematográfica vendo aquela turma em um conflito interno, eu queria ter visto
se realmente tivesse acontecido. Eu queria acreditar nessa hipótese, mas algo
perturbador que brotava dentro de mim, sabia que eu era realmente intimamente
ligado à morte de Miguel. Disso eu estava morbidamente consciente.
Capitulo 5 – Investigador Carlos
Enquanto levava a fumaça toxica de
meu cigarro até meus pulmões, continuei recobrando aos poucos as informações
reveladoras que eu havia descoberto após as profundas reflexões, por um
instante eu relembrei, do galho da arvore, do cadáver sobre a cama, das fotos.
Ah sim me lembrei das fotos, foi realmente burrice minha não ter me lembrado da
câmera digital que continha as fotos com detalhes da cena do crime.
Sentei-me na calçada enquanto
retirava a pequena máquina do meu bolso, liguei-a e esperei atualizar as fotos,
coloquei em modo de visualização em tela cheia e passei uma por uma, enquanto
recordava minhas conclusões, ao mesmo tempo também que prometia a mim mesmo que
trataria de comprar um bloco de notas.
As primeiras fotos eram da porta,
cerca de umas sete fotos da maçaneta e da porta, logo depois eram dos cantos do
quarto, nada demais. E seguida uma sessão de fotos do cadáver sobre a cama com
destaque na poça de sangue que havia se formado. Quase passei mal quando cheguei às fotos que
destacavam a cabeça do garoto, aqueles golpes de faca, a expressão de horror na
face do garoto, ou melhor, no que restava de seu rosto.
Então cheguei às fotos da janela de
vidro grande com cortinas que estendiam até o chão do quarto, depois foram às
fotos da vista que dava para se ver pela janela, com destaque na arvore. Aquele galho que se estendia até bem próximo
da janela do quarto. Logo em seguida uma ou duas fotos das pessoas amontoadas
lá embaixo.
Já havia refeito todo o trajeto da
investigação até aquele ponto, quando tive um ataque de recordações, ou como
muitos chamam um Déjà vu.
Pela segunda vez vi o rosto daquele
garoto que usava o capuz vermelho, me observando, tratei de dar zoom na câmera,
aproximei no rosto do garoto, a foto estava muito mal definida devido a
distancia, mas consegui observar seus olhos, parecia um efeito especial na
foto, havia uma mancha cinza quase imperceptível em volta daquele garoto.
As córneas de seus olhos estavam
totalmente brancas, sem nenhum ponto negro, semelhante a um fantasma
amaldiçoado que vagueia pela terra, despercebido aos olhos humanos, mas
facilmente captados por lentes de câmeras, se me permitem fazer essa
comparação, o garoto estava irreconhecível na foto, diferente de como eu havia
visto da janela quando tirei aquela foto, ele parecia me encarar furiosamente.
Ainda levante-me da calçada onde
estava sentado e dei girei meu corpo com o calcanhar, varrendo tudo ao meu
redor com os olhos a fim de ver se ainda conseguia encontrar aquele garoto, mas
não, ele não estava em lugar nenhum. Eu começava a duvidar se aquilo era
realmente humano, avaliando o contorno obscuro dando efeito na foto, dando uma
característica maligna e diabólica ao jovem representado na foto.
Após gravar tudo em minha memória,
deixei o local onde ainda havia uma pequena circulação de curiosos e
repórteres, os policiais apenas observavam perdidos no caso, sem direção a
seguir para a conclusão do fato. Eu como superior, não iria revelar a eles as
minhas deduções e conclusões, precisava falar com Victor.
Após dar uma sugada no cigarro, e
liberar a fumaça dos meus pulmões, lancei-o longe peguei um táxi até minha
casa. Chegando lá, encontrei meu celular
sobre o criado mudo tocando e vibrando freneticamente quase caindo da beirada,
se eu demorasse um pouco mais ele teria vibrado e se movimentado até cair no
chão e quebrado.
Apressei-me para atender a
chamada, verifiquei o numero e soltei um leve sorriso enquanto falava ao
celular com Anne minha bela amada esposa:
- Oi
amor, desculpa a demora eu estava trabalhando, que saudades de você-.
-Oi
Carlos meu amor, também sinto saudades, só liguei para ver como você estava, -.
-não se
preocupe comigo, está tudo bem por aqui, -.
-tudo
bem mesmo? Tem certeza?
-Sim
claro meu amor, por que não estaria?
-você
se lembrou de abastecer o carro?-
-ah, o
carro? – hesitei
Nessa hora levei a mão à testa hesitante, foi
um vacilo ter me esquecido de abastecer o carro, mas logo eu dei um jeito
naquilo:
-Sim
Carlos, o carro, ah já sei, esqueceu de novo, -.
- pois
é amor, você sabe como é corrido meu dia né amor, ainda mais agora que fui
promovido e ando trabalho sozinho, são muitas responsabilidades.
Mais ou menos nessa parte da
conversa eu havia retirado outro conteúdo da minha carteira de cigarros e levado
a boca, dessa vez pegando o Isqueiro metálico que sempre esquecia sobre o
criado mudo. Acendi a ponta e suguei quase metade do cigarro de uma só tragada
enquanto ouvi Anne no celular:
-eu
entendo amorzinho, parabéns por isso, só não quero que você esqueça de novo de
vir me pegar no hospital no fim do meu turno está bem?-
-pode
deixar amor, que horas você sai mesmo?-
-Hoje
eu saio mais cedo, as sete eu quero você aqui tudo bem?-
-Sim
claro amor, as sete, pode deixar-.
-agora
preciso ir, beijos te amo. -
-
também te amo, beijos, Tchau-.
Encerrei a ligação, procurando na
gaveta do criado mudo, algo onde eu pudesse fazer as anotações. Ha essa altura,
minha pagina de arquivos mental já não era tão confiável assim. Encontrei uma caneta e um caderno, onde arranquei
uma folha e fiz todas as anotações, dando maior prioridade em abastecer ao
carro e pegar Anne no hospital.
Após
dar uma ultima conferida nas anotações meu celular tocou novamente, verifiquei
o numero, era Victor:
-Alô,
Victor-
-Carlos,
como está o progresso da investigação?-
-até
agora estou tendo muito progresso - menti.
Até aquele ponto minhas suspeitas
só haviam se transportado dos pais da vitima para algum possível garoto da
escola dele, eu lembrava que era época de voltar às aulas, planejei visitar a
diretoria logo em seguida.
-Isso é
bom Carlos, liguei para somente avisa-lo que o resultado da autopsia sai
amanhã.
-tudo
Bem Victor, não preciso dos resultados da Autopsia, creio que não será
necessário, já estou indo muito adiantado na investigação, mas se descobrir
algo interessante no corpo da vitima, me comunique assim que puder-.
-Tudo
bem sabidão, você decide, te ligo depois-.
-Até
mais Victor, em breve faço um relatório da investigação-.
Antes
que eu pudesse terminar essa ultima frase, Victor havia encerrado a ligação,
guardei o celular no bolso junto com o isqueiro. Lembro-me de ter saído de casa
para abastecer o carro pouco antes das sete horas da noite, depois de ter
lanchado umas fatias de pizza com suco energético industrial.
Com o carro abastecido, eu dirigia apenas me maravilhando com a beleza
de estar no volante daquela maquina, para mim era algo grandioso por que nunca
antes eu havia estado no banco do motorista. Recentemente naquela época eu
havia tirado a habilitação, e dirigido apenas uma vez na aula de pilotagem, mas
naquela noite eu não estava dirigindo tão mal assim, exceto pelos três
cachorros que eu atropelei em uma esquina e um gato que corria de um dos
cachorros, e sem falar em uma velha senil que atravessava a rua no momento que
eu pilotava desvairadamente, eu consegui desviar dela, mas, o pobre cachorro
que a seguia, bem este não teve tanta sorte.
Continua....
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