22 de novembro de 2012

( parte 2) - O Cavaleiro Negro Contra Cérbero – Por Salomon


O Cavaleiro Negro (Black Knight) Contra Cérbero – Por Salomon

   Sensação calorenta e quente a beira do maior abismo do mundo oculto chamado de inferno, vislumbrando a imensidão do abismo onde almas a sua volta são jogadas a todo o momento friamente por demônios no buraco que parece não ter fim, estava o Cavaleiro Negro montado em seu corcel negro seu cavalo batizado pelo próprio demônio, este também se encantava com tamanha vastidão dentro do abismo na parte mais alta daquele lugar tão aterrorizante.
   Lugares exóticos, paisagens, vistas deslumbrantes e colossais são as paixões do cavaleiro Negro, elas despertavam algo nele que não era fácil de compreender, ficar assim tão perto de um abismo, sendo que um palmo a frente poderia estar a sua condenação, um simples mortal encontrar-se-ia mais cedo com a desgraça ou a morte se ainda estivesse vivo, se desse um passo a frente.
Enquanto vislumbrava, lembrava-se de sua vida ainda como mortal, com seu cavalo encontraram um abismo semelhante a este, talvez por isso, talvez por fazê-lo lembrar de quem era antes do pacto, esses lugares o encantavam tanto. Era realmente isso, suas lembranças ainda estavam perdidas, sua cabeça ainda agora é poço profundo de imagens e vozes, lembranças de quem era antes, perdida, que aos poucos estava recuperando.
   Sua armadura de cor negra tomava a cor de vermelho encarnado, efeito causado pelo fogo que existia em toda sua volta, a mascara que esconde seu rosto ardia quase querendo derreter ao calor do lugar, mas nada disso o incomodava, não sentia calor, dor, remorso, nem sensação semelhante, pontos fracos que seu mestre arrancou-lhe para não o desviar de suas incumbências.
Seu corcel fumegava chamas pelas ventas e labaredas de fogo surgiam de seus olhos, era o sinal que seu mestre o invocava, necessitava de seus esforços na terra dos mortais, uma superfície plana e circular queimando rapidamente em labaredas de fogo vermelho surge há 20 metros da beira do abismo afrente do cavaleiro negro, era um portal que o levaria direto ao seu mestre.
   Ele puxa as rédeas de seu corcel para tomar distancia, logo, este começa a correr como uma fera selvagem correndo atrás de uma presa que percorrem distancias desvairadamente para fugir da morte certa, eles saltam dentro do abismo, e no impulso de sua montaria quase chegam a voar até o portal, as duas figuras desaparecem no ar, junto com a passagem que adentraram.
   Do outro lado do portal, havia barulho, o cavaleiro surge com sua fiel montaria, causando uma quebra de agitação do ambiente, onde gritos de dor e agonia junto com chicotadas e barulho de laminas incisando almas era a única sonoridade do lugar agora se fazia silencio, para a passagem do cavaleiro que era servo fiel do próprio demônio que dominava todo o recinto, e por isso era respeitado pelas outras criaturas malignas e diabólicas do lugar.
   Ele desce de seu corcel, o lugar agora é oque parece ser um palácio gigante com pilastras que subiam infinitamente até encontrar um teto que parecia não existir, esse é o castelo, onde o próprio demônio expulso e condenado do Paraíso encontrava suas mordomias junto com mais demônios e alguns seres malignos. Seu corcel fica parado, deixa-o ali mesmo, ao lado de onde estava o portal de onde vieram que já havia desaparecido após sua entrada. Os portais que se se abriam dando passagens a mundos diferentes era uma habilidade que só os descendentes do próprio demônio mestre supremo, poderiam produzir. Somente o corcel negro era uma exceção, ele poderia abrir e fechar uma passagem dimensional do mundo oculto para o mundo dos humanos, uma habilidade adicional que foi concedida no dia do pacto do cavaleiro negro.
   Ele caminha mais alguns metros até chegar perto do trono, e se curva como um ato de fidelidade e mostrar veneração, com o rosto em direção ao chão. De forma alguma ele ou qualquer outra criatura ali ousava olhar diretamente para quem residia naquele trono, optava então por olhar sempre para o chão, ele já sabia quem estava a sua frente, eram três tronos, com á distancia de alguns poucos metros um do outro, de forma que dava para o cavaleiro olhar para um dos lados e ver quem sentava a direita de seu mestre, em um trono não menos importante, uma mulher de olhos branquíssimos, trajando um vestido negro, com seus cabelos emaranhados caindo para frente, era a filha dele, notou que esta o encarava de volta, volta seu olhar para o chão, aguardando as camadas de seu mestre.
   Uma voz bruta e rouca com um gutural funesto e arrepiador quebrou o silencio do lugar:
- vá para o mundo dos mortais, meu guardião está perdido no abismo da Geórgia, abrirei o portal que o levará-.
 Sempre que tinha uma ordem para cumprir em algum lugar ou dimensão, se não resolvesse ele mesmo, seu mestre o mandava, direto para o lugar próximo de concluir a tarefa, era sempre preferível o cavaleiro negro por que nunca falhara nem fracassara aos comandados de seu mestre.
  -alguém o deixou escapar, essa criança tola não fechou os portões após sua visita aquele mundo devastado pelos humanos, minha pequena e irresponsável filha. Agora vá, mas lembre-se de que ele é um de meus guardiões não terá serventia se me trouxer morto.
Esse guardião é Cérbero, um cão monstruoso e gigante com três cabeças sempre faminto que era responsável por cuidar do lado de fora do castelo no inferno, como era um ser ignorante e irracional que atacaria até seu mestre, ou até mesmo seu criador, era deixado do lado de fora dos portões do castelo que era cercado por muros como uma fortaleza.
    O cavaleiro negro apenas ouvia, não podia responder, não havia boca literalmente em sua face, era limitado por causa de sua deformidade macabra detrás daquela mascara escura que só deixavam exibir seus olhos vermelhos.
-já tens os meus comandos, agora vá... Lembre-se que eu o quero vivo-.
Tendo recebido e entendido sua nova tarefa, o cavaleiro negro levanta-se, revela-se um corpo malhado, alto e forte, protegido por uma armadura negra de um material questionável até por ele mesmo. Inquebrável, nenhuma lamina, peso, ataque ou poder era suficiente para acabar com a proteção que ela oferecia, de tão resistente.
   Enquanto caminhava em direção ao seu corcel que estava agitado, como se ansioso pela nova missão, sua capa esvoaçava como se criasse vida, deixando amostra a bainha que fica do lado direito presa a perna da armadura, onde sua espada negra pousava, suas laminas também negras eram destacadas pelo cume de cor vermelha, cujo fora feita para cortar até o mais duro e resistente corpo existente, cortaria uma escultura de metal maciça com uma facilidade surpreendente para os humanos, feito com o mesmo material desconhecido que fora arranjada a armadura, sua espada era sem duvidas uma das armas mais perfeitas criadas no inferno.
   Ele chega até seu corcel que batia as patas dianteiras no chão ainda se mostrando ansioso, a chama que saia de suas ventas, agora incinerava mais calmamente, seu relincho era como a de um cavalo normal, mas havia uma sonoridade diabólica no som produzido por aquele animal maligno.
Após montar-se em seu corcel, outro circulo semelhante ao primeiro surge à frente deles, era outro portal, mas desse ao invés de chamas calorentas e labaredas de fogo do inferno, surgia uma lebre brisa ventosa, sinal que o lugar que os aguardava era frio, talvez fosse noite, ou madrugada do outro lado daquela passagem.
   Ele monta e novamente puxa as rédeas do animal, que entende aquilo como uma ordem de parar ou andar para trás como era daquela vez para pegar distancia para novamente saltar pelo portal. Antes de dar o comando ao corcel de prosseguir no salto, o cavaleiro olha brusca e ligeiramente para o lado de seu mestre, onde estava sua filha de olhos branquíssimos como duas esferas reproduções perfeitas da noite mais clara de lua cheia.
   Eles avançam velozmente rumo à passagem, o corcel salta quase que voando do chão levando seu montador que o segurava firmemente pelas rédeas atravessando-a e novamente evanescem no ar, junto com o portal. Ressurgindo ao mesmo tempo em um lugar engolido pela noite, seu corcel relincha alto, o fogo que surge de suas ventas é a única iluminação do local, fora a lua que no momento encontrava-se oculta por nuvens negras que logo desapareceriam.
   Se deparam frente a um novo abismo, este era tomado pela quietude da noite, e brisas suaves, frias, despertou novamente a sensação de paz no cavaleiro, ele desmonta de seu corcel, aproxima-se mais do abismo, fica a um passo do precipício, e olha para baixo, fascinado, não vê o fundo daquilo, é exatamente igual a sua cabeça, não havia lembranças, apenas o nada, sua memoria fora apagada após o pacto, recordava-se apenas disto, agora lutava para recupera-la. Não fazia esforço para isto, na verdade nem sabia se realmente queria saber do seu passado, sendo que ele nunca poderá ser o mesmo de antes. Seria eternamente um servo do ser maligno, senhor do inferno.
   No exato momento que pensava no seu mestre, a calmaria do lugar é quebrada subitamente pela agitação nervosa do seu corcel, ele havia pressentido a presença do guardião Cérbero, latidos estridentes estrondavam em eco iludindo o cavaleiro a respeito da direção do barulho. As latidas eram cada vez mais altas e estridentes, sinal que a monstruosidade se aproximava cada vez mais. Ela estava correndo em direção a eles, corria velozmente, cada cabeça latindo furiosamente, cada vez mais perto. O cavaleiro fica atento, mira no horizonte os seis pontos reluzentes de luz amareladas, surgindo e se aproximando rapidamente, eram os olhos das três cabeças de Cérbero, que corria em direção a eles arrastando uma longa e enorme corrente presa a cada uma das três coleiras nos pescoços. A criatura iria ataca-lo, não poderia feri-la, pois seu amo a queria viva, elaborou rapidamente uma estratégia mental sem a menor certeza de que daria certo. Espera atentamente a fera aproximar-se. Como de costume seu corcel se afasta do local onde deverá ocorrer o confronto, mantendo sempre uma distancia segura, pois apesar de possuir a mesma vestimenta do material da armadura do cavaleiro, ela não tinha proteção que o livrasse da morte, e ainda apesar das habilidades sobrenaturais, ainda era um animal vivo como qualquer outro, por isso era preciso manter distancia dos confrontos de seu montador a quem era unicamente fiel.
   Cérbero se aproxima rapidamente, revelando-se uma criatura com cinco vezes o tamanho do corcel do cavaleiro negro, mas seu tamanho parece não incomodar o cavaleiro, que firme como o guerreiro sem medo que sempre foi apenas mantem a postura. A cabeça do meio da criatura monstruosa, com sua boca aberta deixando expor seus enormes dentes e com ainda restos de corpos e de ossos presos por entre os dentes, parecia a primeira a investir contra ele.
   O cavaleiro negro que apenas aguardava o momento certo e oportuno para por seu pequeno plano em pratica encontrava agora o momento perfeito para pô-lo em pratica, a criatura avança na tentativa de abocanha-lo, ele após um pequeno impulso em suas pernas, salta por cima da criatura, deixando-a seguindo desenfreadamente rumo ao abismo. Ele cai pesadamente depois de ter saltado por cima da criatura monstruosa, e apenas olha para trás, vendo-a cair pelo penhasco, “uma criatura tão irracional, não havia percebido o abismo arás de mim” pensou consigo mesmo enquanto desembainhava sua espada e fincando-a firmemente por entre as correntes que corriam rumo ao abismo, Corrente essa que salva a criatura de cair penhasco abaixo, ficando suspensa presa apenas por ela, que era segurada pela espada negra que havia sido fincada exatamente dentro do elo da corrente.
   O cavaleiro negro caminha a passos pesados novamente até a beira do precipício, ele olha para baixo, como que para se certificar que a criatura monstruosa ainda estivesse lá. Ela esta, seu corcel o acompanha, coloca e desce a cabeça para o precipício para assim poder admirar também, agora relinchava mansamente como que saudando seu montador pelo feito astuto e corajoso.
   Cérbero gemia sentindo a dor de suas coleiras sufocando lhe, parecia implorar para que o tirassem dali, nessa hora, surge uma nova passagem, diferente das anteriores, essa era bem maior, levava ao exterior dos muros que rodeavam o castelo no inferno, o ponto que antes Cérbero atuava como cão de guarda, e voltaria. O cavaleiro negro vai em direção a sua espada, põe a mão envolvida por luva com pontas metálicas, sobre ela, e antes que pudesse removê-la para soltar a criatura de volta para o inferno, uma voz feminina e delicada entra em sua mente:
- ele quer ser livre, não o mande para o inferno.
   De assombro e espanto ele rapidamente tira a mão da espada, e olha em volta, não há ninguém... quem deve ter pronunciado estas palavras? Quem era a dona daquela voz tão delicada e encantadora? Pensou consigo mesmo.
   Lembrara-se da filha de seu mestre, sabia que fora ela que havia libertado Cérbero, agora fazia sentido a fuga desse monstro, a filha de meu mestre havia libertado propositalmente aquela fera, queria deixa-la livre, ela tinha um bom coração.
   Mas lembrar do belo rosto daquela belíssima senhora, e ouvir a voz suplicar para cessar o ato, não foram suficientes, para entrar no coração gelado e quebrar a fidelidade que ele tinha pelo seu mestre. Ele apenas arranca a espada do elo que pendia a corrente deixando a enorme criatura cair dentro da passagem para o inferno. Em seguida a passagem se fecha.
   Olhando novamente para a imensidão do abismo, quase ignorou os gemidos da criatura, semelhante a um choro de um cachorro desolado e com medo, que ele havia mandado para o inferno. 



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