18 de março de 2023

A trilha - Por Salomon

      

        N.A:  O escrito a seguir é uma adaptação do conto original: A Trilha Maldita, publicado em 2012 visando melhorar um pouco a narrativa a fim de não cansar nem prolongar demais a leitura para meus novos leitores. 








     O motor estava quente e a gasolina ja estava na reserva, foi o que me fez adentrar a trilha naquela noite. Estava sozinho e o caminho era acidentado com pedras e cercado de árvores com galhos que cobriam o céu. Apesar dos riscos da trilha, era um atalho que me faria economizar algum tempo e recurso.

     Meses antes, uma conhecida da região havia se acidentado ao fazer uma curva estreia ali. Ela voltava de uma festa e não deveria estar pilotando uma moto, morrera ali mesmo muito jovem. Fizeram um quebra molas no caminho para evitar que outros pilotassem com imprudência no local. Junto as pedras também sinalizaram com uma cruz de madeira com seu nome escrito a mão. Chegando nesse local, ao passar o pneu dianteiro no quebra molas, o farol subiu e desceu mirando o nome da falecida, era quase impossivel não ler.

    As velas do pequeno pedestal ja haviam queimado até não sobrar quase nada. Estava tudo tranquilo apesar de um leve arrepio ter subido minha espinha. Lentamente passei o pneu traseiro sobre o quebra molas, por um segundo a moto subiu e desceu novamente. O arrepio tornou-se incomodo já que o peso da moto aumentou mais que o comum. Era como se alguém tivesse pulado subitamente no garupa. Foi quando decidi olhar para traz e a luz traseira da moto apenas indicar a cruz da falecida ainda fincada no solo que pude ver com clareza. Não havia ninguém ali, mesmo assim, senti um aperto na cintura seguido de um arrepio ainda maior na coluna. Acelerei a moto, meu coração havia acelerado junto, estava quase saltando do peito.  Não deveria ter olhado para trás.  Agora estava dando carona a algo que não podia ver, pensei. 

      O alivio só veio depois de sair totalmente daquela trilha macabra e a moto ficar leve novamente. Daquele dia em diante, quem cruzava a trilha a noite, esticava-se até o assento do garupa para não dar carona a garota morta. 

 


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